Um Barco
Navegar foi necessário, impreciso mas necessário.
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27/11/2004

Síntese

Num determinado momento, a gente cria algo e se pergunta porque, obrigando-se a explicar a si mesmo os motivos. Após um dia, a expectativa pela resposta. E o dia se arrasta, longo como uma odisséia, no aguardo de algo que nos dê, no mínimo, a ilusão de poder ser até mesmo um bardo virtual, o que quer que isso seja.

Até imaginaríamos alguém que quer ser musa, para quem comporíamos uma música, foto sonora e resistente ao tempo. Ela seria a rosa-dos-ventos, a nos mostrar um norte esperado, aquela a quem perguntaríamos num soneto, "Por que me incendiaste de desejo".

E a vida soaria como uma música nova, uma verdadeira "Alegria, alegria". Até a chuva nos falaria de amor. E seria tudo tão bom, assim como um domingo desfrutado por um menino. Mudanças, já que são inevitáveis, seriam bem vindas, aliás, estaríamos permanentemente a fim de mudanças, sem desencontros, sem pensar na brevidade das coisas e no epitáfio que se segue a cada sonho não realizado.

Como um ladrão, roubaríamos uma canção de Chico Buarque, afogando todo resto de tristeza dentro de nós para, com um olhar substantivo, concreto, poder gritar ao mundo: "Eu canto o Corpo Elétrico". Assim mesmo, dessa forma, simplesmente.

No fundo, porém, saberíamos que isso tudo é divagação, pois a realidade nos faria refletir sobre a assimetria dos sentimentos humanos, sobre nosso passado, sobre nós mesmos, olhar para o próprio reflexo no espelho da memória, dizer: vim te rever, me vendo, brincando ao redor do velho forte, um pouco mais fraco, quem sabe, pelas emoções vividas, te falar sobre o difuso objeto de teu reflexo, eu mesmo.

Sabe, gente, me questiono se navegar é preciso, se ser ou não ser é uma pergunta válida ou apenas um questionamento tolo de auto-justificativa.

Viver pode ser navegar em um mar grande, segundo uma rota de círculos de diferentes raios, buscando a saída que nos leve a uma chegança, vendo ao longe silhuetas de cidades e campo.

E la nave va, e Um barco va, causando (ou levando) estranheza, mostrando (ou tentando mostrar) suas motivações, opções e outras explicações, mesmo que seja só um, carregando em um, muitos sonhos.

Em se fechando mais um círculo de navegação, já caberia o questionamento se vale a pena navegar ainda? Já!

Navegar, por entre os sonhos, a vida de alguém ou viver, por entre as vidas, os meus próprios sonhos? Na vida, como no sono, há lacunas entre fatos ou sonhos, há paradas, há vazios, nada há. Quando muito, resta no ar um resto de canção, sem letra, sem intelecto aparente, só emoção, só música, como uma espécie de síntese.




Escrito por um barco às 09h11
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