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20/07/2004

"Te Rever"

Gostar de uma música, não interessa o estilo, envolve aspectos de ordem estética, conjuntural ou afetiva, só para citar alguns. A mesma música que nos enleva pode evocar, em outro ouvinte, desde um imenso desprezo até uma total indiferença, afinal de contas, gosto é gosto (ou desgosto, depende).

Na dinâmica da vida, por vezes ouvimos uma música que nos arrebata, para mais tarde a descartarmos em detrimento de outra, a arrebatadora da hora, meio assim como as paixões.

E a música descartada vai para algum disco rígido da memória, aguardando, quem sabe, algum acesso futuro (ou não). Esse acesso é intermitente e traz consigo as lembranças que a música desperta.

Anos se passam e "por acaso ou por um caso", por alguma emoção fugidia é a lembrança que desperta a música.

Morei em São Paulo nos anos de 81 e 82. Na verdade, morei em Osasco, cidade satélite (sem ofensa, por favor) de Sampa. Vinte e dois anos atrás, era o mesmo que morar em um bairro distante, porém de fácil e rápido acesso, afinal não havia os engarrafamentos monstruosos e cotidianos nas marginais tão comuns nos dias de hoje.

Após algumas voltas, eis-me de volta no Rio em 1985. Estudos, noites em claro, ouvindo FM. E toca "Te Rever", com Eduardo Gudin. Adorei a música e, imediatamente, rememorei meus tempos de Sampa. E a música se foi e outras músicas vieram e eu fui tempo e vida a fora.

Ontem, após meses de procura, entre sebos e programas de compartilhamento (Soulseek, E-mule, Kazaa), finalmente consegui a música. E me revi com a mesma emoção de 1995, pensando em Sampa, mesmo que a letra não me dissesse nada, em termos de experiência vivida.

Ao entrar na sala de chat, toquei-a para minha amiga "Unidades!" e disse a ela que faria um post, para compartilhar com outras pessoas não uma música apenas, mas a emoção de tê-la ouvido, após tantos anos.


Te Rever
(Costa Netto e Eduardo Gudin)

Te rever
Por quantos dias ainda vou suportar
Essa ironia de comemorar
O que restou de nós

Te rever
Nos luminosos que não cansam de piscar
E presunçosos querem ofuscar
O amanhecer

E nosso olhar
Cruza a avenida e pára em qualquer farol
Já tão despidas manhãs vão atrás do sol
Tentando aquecer

Te rever
Em cada aula de esquina que a vida dá
Nossa São Paulo ensina a duvidar
Do que restou de nós

Te rever
Nessa garoa que soube nos conduzir
E a gente a toa sem ter onde ir
Foi se envolver

Foi se iludir
Perder de vista tão cedo o entardecer
Pela Paulista o medo de olhar e ver
O amor anoitecer.


Escrito por um barco às 23h43
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