Acho que já estava no hora mesmo de
fazer um post sobre minha relação com a música. Lá, no meu perfil, está escrito,
além de sexo, idade e local onde moro, a palavra música e quase todos os posts
foram acompanhados de letras e/ou de arquivos de músicas.
Algumas pessoas
até acharam que eu era músico, algo que minha falta de disciplina jamais me
permitiria ser. Não me imagino treinando, horas a fio, um solo de violão, piano
ou tuba. Mas ficaria, como já fiquei, horas e horas (e bebidas e bebidas), com
um grupo de amigos, tocando e cantando.
Como baiano a música sempre me
acompanhou, nas festas populares, nas rodas de capoeira, no carnaval, de modo
que a Bahia foi minha influência musical primeira.
O ano é 1961 e estou
morando em Recife. Meu pai tinha acabado de comprar uma fantástica "eletrola" ou
"radiola" ou sei lá o nome. Era um móvel, semelhante a (mas não igual a) este aqui, com rádio e toca-discos. Dois anos depois, foi
trocado por outro móvel, maior ainda e, pasmem, estereofônico, coisa que nem
sabia o que era.
Os discos eram LPs e compactos de vinil, é claro. Isaura
Garcia, Anísio Silva, Big Bands tipo "Metais em Brasa" essa era a música ouvida
lá em casa. Para mim? Bem, o primeiro LP que comprei foi de Chubby Checker, para
escândalo de minha madastra, mas eu escutava, ou era obrigado a escutar, também,
aqueles outros.
De 1961 a 1965 tomei banho de lua, desci a rua Augusta a
120 por hora, mandei todo mundo pro inferno, parei na contra-mão, andei de
calhambeque, fui tremendão, ou seja, uma brasa, mora!
Era quase um rito
de passagem obrigatório para um jovem de 11 a 14 anos. Ao longo desse período,
as músicas estrangeiras não me marcaram tanto quanto as da jovem guarda que, sem
sombra de dúvida, foi um fenômeno. Já pelas calendas de 1964 comecei a me
interessar por um conjunto inglês que tocava de modo diferente dos
"rockabillies" que eu ouvia, um tal de "Beatles", que incorporei a meus
interesses.
Um parágrafo especial para a música instrumental daqueles
anos. O conjunto básico de rock instrumental era composto de guitarra solo,
guitarra base, baixo e bateria. Eventualmente, outros instrumentos, como
teclado. Lá fora, "Tornadoes ", "The Ventures", aqui, "Os Incríveis", "The
Clevers", apenas para citar uns poucos.
E chegamos a 1965, quando lá em
Recife começou a ser transmitido, na televisão local, os "vídeo-tapes" do I
Festival de Música da TV Excelsior, trazendo toda uma nova geração de
compositores, uma nova estética, letras mais elaboradas.
Peraí, vocês
podem me perguntar. E a bossa nova?
Confesso que nem sabia bem o que era
e, se já havia ouvido, nada me dissera, isso em 1965, em Recife e Salvador onde
eu ainda gritava "ié, ié, ié".
A música do post é instrumental e
representa uma dupla homenagem, ao período e à tecnologia. Em 10 de julho de
1962, foi lançado o primeiro satélite de comunicações, "Telstar", que transmitia
ligações telefônicas internacionais, programas de televisão, rádio, inaugurando,
assim, a era das telecomunicações. Estarmos na internet é conseqüência
disso.
Trata-se, justamente, de "Telstar", composta por um produtor
inglês, Joe Meek, no dia da primeira transmissão internacional e gravada, dias
depois, pelo conjunto inglês "The Tornadoes". Foi um grande sucesso da época. É
esta gravação (acho que é a original) que fecha o post de hoje. Os curiosos
sobre a música e o satélite podem seguir este link.