Ao sul de meu tempo há um silêncio.
Ao norte, um grito mudo.
A leste, uma canção calada.
A oeste, aquilo que não cantarei.
A leste de meu coração há cinco dedos
Que falam mais que meu silêncio, há dores
Que gritam mais que minha solidão,
A leste de meu coração.
Na minha rosa-dos-ventos não há ventos,
Só lamentos, de um norte que não me dirige,
De um leste não vespertino,
De um oeste que me persegue, fugindo sempre do azul
Do silêncio de meu sul.
Ao sul de meu silêncio há uma lembrança,
Viva, como vivo é meu silêncio.
Ao norte de meu coração uma boca fechada
Ao norte de meu silêncio, mais nada.