Um Barco
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12/09/2004

De cidades e campo...

Vejam bem, sou um homem urbano. Gosto de cidades. Adorava caminhar pelo famoso encontro da Ipiranga com São João, na época que morei em Sampa (na verdade, era Osasco, uma cidade satélite). Digo isso, porque já tive muitas experiências com "mato" e, atualmente, prefiro o burburinho, o "agito" da cidade grande.
Eventualmente, algo me faz mergulhar no túnel do tempo, e me revejo em algum momento do passado (ainda se lembram, quem leu, é claro, do post "Velho Forte..."?).
No caso em tela, o gatilho que me transportou ao passado foi o feriadão, num hotel perto de Angra dos Reis. De um lado, o mar me acenava, enquanto um ventinho frio, apesar do sol, me convencia a não mergulhar. Do outro, uma área meio baldia, grande, com tufos de matas e morros preguiçosos, já que suaves, por onde fiz caminhadas, me transportava, enquanto a percorria, ao lugar onde me conheci criança.
Nasci no interior da Bahia, numa cidade de médio porte (pelo menos em 1950). Minhas lembranças infantis me falam, nas palavras de minha mãe, de uma tal "fazenda de seu avô", onde vivi até os 4 ou 5 anos.
E, agora, me sinto lá. A casa (não era um daqueles casarões dos barões de café), simples mas ampla. O riacho nos fundos do quintal, raso, onde brincava, sentindo beliscadas leves dos pitus, nas pernas. As caminhadas pelas trilhas, comendo frutas, colhidas ou caídas, armando arapucas para os passarinhos. As noites, sem luz elétrica a envergonhar as estrelas, que se mostravam em toda sua glória, meu tio tocando violão e cantando, histórias à luz de candeeiro, de fadas ou personagens folclóricos, sacis, curupira, mula sem cabeça, um velho gramofone, daqueles de manivela.
São memórias fragmentadas, enevoadas, mas que chegam surpreendentemente fortes, porém sem uma nitidez que me permita discernir detalhes.
Mesmo tendo ido morar em Salvador, parte das férias eram passadas por lá. A viagem de Salvador até a fazenda merece um novo post, o que farei em breve.
Deixo, como música de referência, "Azular", cantada por Sá, Rodrix & Guarabyra que, apesar de ter sido composta em 1972, traduz bem, pelo menos para mim, o cenário que acabei de descrever.


Azular
(Luiz Carlos Sá)

Na porta, no portão, na casa, no pombal
Flores do mato, água fresca e natural
Na estrada, na pedreira, boca do sertão
Poeira e vento, tempo claro de verão.

Ah, azular é o que dá trabalho, azular
Ah, azular, nos olhos descrentes desenhar
O gosto das frutas que apanhar no chão
Limpas como sempre estiveram
Limpas como sempre estiveram.


Escrito por um barco às 11h05
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