Um Barco
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20/09/2004

De cidades e campo II, uma odisséia campestre

Cumprindo a ameaça do post anterior, passo a descrever os caminhos que me levavam à tal "fazenda de seu avô". Antes, uma pequena digressão. Quando, atualmente, se fala em ir ao sítio ou à fazenda, imaginamos uma viagem num carro confortável, por uma rodovia asfaltada, da qual saímos já a uns poucos quilômetros (quando não metros), por uma boa estrada de terra, de nosso ponto final.
Naqueles tempos, e me refiro a 1956 (por aí), ou seja, 50 anos atrás, as coisas eram um pouco diferentes e um muito complicadas. De Salvador a Jequié (minha cidade natal) são cerca de 360 km, pela (hoje) BR 116. De ônibus, porém, era uma aventura incerta, a ponto de nem me lembrar se fiz ou não uma viagem de ônibus até lá.
Talvez umas duas vezes, se tanto, fomos de avião (acreditem, pousava avião em Jequié!), cortesia de um parente da Aeronáutica, que descolava umas cortesias na "Real Aerovias". Era um vôo de cerca de duas horas (acho) e alguns vômitos.
Nas outras idas, pegávamos um "vapor" (lembram da música "Vapor Barato", que Gal Costa gravou?), quer dizer, um navio de pequeno porte, daqueles de chaminé, que nos tansportava pela Baía de Todos os Santos, de Salvador ao Porto de São Roque do Paraguassu.
De São Roque, lá íamos nós, de trem "Maria Fumaça", ao longo de 300 km até Jequié, onde meu avô tinha uma casa, o que nos permitia uma parada providencial para pernoite, já que era quase um dia inteiro de viagem.
No dia seguinte, na rodoviária, entrávamos uma "marinete". Peraí..vocês não sabem o que é uma marinete? Bem, seria demais, esperar que todos conhecessem esse termo nordestino que, para os sulistas, significa jardineira. Como? Também não sabem o que é? Só resta clicar aqui, para ver uma parecida com a que conheci.
Quase duas horas de sacolejos por uma estrada estreita e sinuosa até chegarmos em Itagí. Fim da viagem? Não. Na rodoviária, alguns burros nos esperavam. Não, não eram ignorantes, eram burros mesmo, jumentos, que nos acolhiam em seus lombos por cerca de uma hora, para nos conduzir à "Fazenda Baixa Alegre", destino final da odisséia.
Compartilhando isso com vocês, até em tom jocoso, me vem aquele tipo de lembrança gostosa que só a infância nos proporciona.
Até em função da lembrança, a música deste post reflete o que imagino ter sido meus dias em Baixa Alegre, traduzidos por minhas referências de adulto.


Acontecência
(Claudio Nucci)

Acorda ligeira e vem olhar que lindo
Sobre o morro o sol se debruçar
Leite novo, espuma dessa madrugada
Passarada vem te despertar

Tantos pés descalços posso ver meninos
A correr na direção do dia
Banho de açude alegra e lava o corpo
Fruta fresca é pra te alimentar

Acorda ligeiro e vem ver que bonito
Pelo pasto solta a vacaria
Na barra da serra gavião campeiro
Vem primeiro vento costurar

Tantos pés descalços posso ver libertos
A correr na direção do dia
Chuva desce pra regar a terra engravidar
Semente em fruta se tornar


Escrito por um barco às 22h19
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