O Navegante
(Sidney Miller)
Quero um
montão de tábuas e um motor de pano
Pra passear meu corpo e adormecer meu
sono
Na esburacada estrada do oceano
Aportarei meu barco apenas de ano
em ano
E onde houver silêncio eu ficarei cantando
Pra não deixar morrer o
gesto humano
Entenderei as águas e os peixes passando
E se me
perguntarem pra onde vou e quando
Responderei, apenas navegando, apenas
navegando
Embarcarei comigo feminino canto
Pra que não falte a vida
quando for preciso
Uma razão mais forte que o espanto, mais forte que o
espanto
Semearei meu sangue, meu amor, meu rosto
Pra que depois de mim
eu possa estar presente
Entre as canções que eu não houver
composto
Naufragarei um dia em pleno mar sem dono
E submerso em lendas
como como um visitante
Entre os recifes dormirei meu sono