Um Barco

sexta-feira, 6 agosto 2004

Sabe Gente…

Não poucas vezes, me pergunto o que fez com que este blog chegasse até aqui. Sim, porque eu sei como começou e garanto que, na época, jamais imaginei que iria preencher tantas páginas.

Quem se der ao enorme trabalho de ler meus dois primeiros posts, perceberá o tom irônico que, na verdade, disfarçava a real intenção, conhecer a estrutura de um blog, e eu falo em “html”, “xml”, etc. Isso fica mais claro nos links dos comentários, que fiz questão de manter (o tal “Mais gente lendo…loucos…”). E mantive os dois posts, como um lembrete para mim mesmo.

A partir do terceiro e, principalmente, do quarto post, algo despertou em mim, algo, tenho certeza, que aflora em muitos(as) “blogueiros(as)”. Talvez a tal “força estranha” do Caetano que, em nosso caso não nos leva (apenas) a cantar, mas a “blogar”.

E nos transformamos, não em uma outra pessoa, mas em uma persona meio oculta ou voluntariamente contida de nós mesmos que, na hora em que nos sentamos para publicar algo, assume o comando de nossa vontade e nos faz escrever ou desenterrar escritos antigos, reprimidos por nossa autocrítica.

E passamos a ser conhecidos (por quem não nos conhece, é claro) pelo que postamos e não pelo que somos ou cremos ser, o que não quer dizer que seja ruim ou bom. Um rótulo virtual, talvez.

Já pensei em deixar Um Barco atracado em alguma página, com algum último post, estático, porém sem nenhuma menção de despedida, afinal, nunca é bom destruir as pontes por onde passamos. A volta é sempre uma possibilidade. Uma força, porém, me leva a “blogar”, como na música.

Como já é de meu feitio, fecho o post com uma música que traz alguma leve afinidade com o clima do post. A música, de Gilberto Gil, é uma [espécie de] resposta e uma homenagem a “Eu Preciso Aprender a Ser Só”, dos irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle”, tanto que esta é citada em melodia e letra. Eliminem da letra, no que diz respeito ao meu estado de espírito, qualquer menção a tristeza, já que tenho atravessado uma calmaria emocional repousante, me sentindo, como disseram os Secos e Molhados, “…muito leve, leve, leve, leve, pluma…”.

Preciso Aprender a Só Ser
(Gilberto Gil – 1973)

precisoaprenderasoser.mp3

Sabe, gente
É tanta coisa pra gente saber
O que cantar, como andar, onde ir
O que dizer, o que calar, a quem querer

Sabe, gente
É tanta coisa que eu fico sem jeito
Sou eu sozinho e esse nó no peito
Já desfeito em lágrimas que eu luto pra esconder

Sabe, gente
Eu sei que no fundo o problema é só da gente
É só do coração dizer não quando a mente
Tenta nos levar pra casa do sofrer

E quando escutar um samba-canção
Assim como
“Eu Preciso Aprender a Ser Só”
Reagir e ouvir
O coração responder:
Eu preciso aprender a só ser

Filed under: Digressões,Música — Um Barco @ 6:48 pm

1 comentário »

  1. COMENTÁRIOS ANTIGOS

    [Nina]
    Pq será que tudo tem que ter um motivo??? Não importa o que o levou a blogar, nem o que me leva a comentar. O que importa é a troca, é o prazer que colocamos qdo aqui estamos. Qto a sua frase…”a ser conhecidos pelo que postamos e ñ pelo que somos ou cremos ser”, será que em tudo que escrevemos, fazemos ou falamos invariavelmente não tem um pouquinho de nós? Deve ter. Beijos menino! Nina.
    08/08/2004 23:38

    [margarida] [versoes@hotmail.com] [http://www.fotolog.net/foradapista]
    O seu blog é lindo, emociona, comove, faz sonhar. Obrigada por isso. Beijo, margarida
    08/08/2004 12:11

    [Loba]
    Este post abriu uma série de questionamentos em mim. Nada novo – nem no post nem nas minhas questões. Talvez eu hj esteja por demais reflexiva ou talvez me ver escrita tenha incomodado. Mas vou deixar as questões aqui quietas… Deu inveja esse leve, leve, leve… Tou pesada. Quero voar e não saio do chão. Mas não quero aprender a ser só. Quero aprender a esperar menos de quem me rodeia. Tem alguma música que diz isto? Putz! Vc sempre mexe comigo. Vou curtir as minhas perguntas sem o compromisso de encontrar respostas. beijo
    07/08/2004 16:50

    Comentário by Um Barco — sábado, 6 novembro 2010 @ 11:18 am

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