Um Barco

terça-feira, 22 junho 2004

Resto de Tristeza

Resto de tristeza, fique onde está, aí no fundo de mim. Não me deixe agora, pois a ilusão, aquela enganadora, tentará tomar seu lugar, trazendo sonhos, anseios, vontades e outros de seus, nem sempre desejáveis, companheiros.

Resto de tristeza, não saia, senão a felicidade vai querer ocupar seu espaço, juntando-se à ilusão em algo tão sólido, que desmanchará, ao primeiro desengano.

Resto de tristeza, você é meu vínculo com a realidade, me lembrando que, mesmo estando feliz, a vida é um colcha de retalhos costurada pelo tempo, com cada pedaço de emoção que sentimos.

Resto de tristeza, não cresça muito. Fique assim mesmo, pequena o suficiente para ser notada, porém não tão grande que ocupe todo meu sentimento.

Resto de tristeza, conviva em paz com o resto de alegria que teima em querer entrar, até quando não espero, insinuando-se através de meus olhos, cada vez que paro de olhar para dentro de mim e enxergo o mundo ao meu redor.

Resto de tristeza, tempere meu riso, fazendo com que outros leiam em meu rosto o equilíbrio, mesmo que não haja.

Resto de tristeza, resto de alegria, perfumem meu ânimo, temperem minha calma a cada instante e se transformem em serenidade, irmã gêmea da paz.

Filed under: Prosa — Um Barco @ 6:40 pm
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