Apesar da formação profissional me direcionar ao cartesiano, confesso que gosto do difuso, do incerto, do apenas sugerido.
Me agrada a obra aberta, inacabada, a palavra que sugere mais do que explica, o símbolo que instiga mais do que revela.
Gosto da imagem enevoada, impressionista, detalhes (aparentemente) desfocados que, com a distância, ganham contornos nítidos e luminosos. Negação do conhecimento pela proximidade.
Aprecio a arte que deixa a interpretação inteiramente a meu cargo. A obra me indica caminhos, tendências. Escolho o significado que quero, de acordo com o que sinto na ocasião.
Que eu não seja, por favor, rotulado de elitista ou purista. Nada do que declarei exclui o figurativo, o claro, o fechado. Um soneto, de métrica clássica, uma música de polifonia clara, um romance com final determinado também me agradam. O que desejei transmitir foi minha preferência genérica pela sutileza.
Já vi e ouvi muitos experimentalismos na década de 60 para me impressionar facilmente com propostas que se dizem “avançadas” ou “transgressoras”.
Gosto, especialmente, de letras de músicas que possuem viés simbolista ou aberto, bem como daquelas que nada dizem, mas carregam uma sonoridade forte, pelas palavras usadas.
Atentem para a letra de “Açaí”, de Djavan. Nenhum sentido aparente nas palavras, entretanto, principalmente na gravação de Gal Costa, uma enorme musicalidade, casamento de letra, música, ritmo.
Há muito de simbolismo nas primeiras letras de Caetano Veloso, infelizmente pouco conhecidas, já que antecedem “Alegria, Alegria”, música que o tornou famoso.
Poderia escolher letras de Caetano, como “Um Dia”, “Boa Palavra” ou “Clara”, para ilustrar o post e minha preferência pelo difuso, mas optei por Jessé cantando a música “Era Um Dia” (não confundir com outra música gravada por ele, “Um dia…”).
Era um Dia
(Oswaldo Montenegro)
Era um dia de manhã
Como nos dias de manhã se pode ser
Claro como um dia claro
É como a gente,
É pouco mais do que ser claro
É o que se pode ser
Avalia o coração
Como teu coração também se julga ser
Forte como a chuva é forte
É como a gente,
É pouco mais do que ser forte
É o que se pode ser
Era tudo como tudo
É como se pudesse resultar em nada
Ah eu tenho medo pelo nosso amor
E como o dia amanhecer
Era tudo como tudo
É como se pudesse resultar em nada
Ah eu tenho medo, como se pode ter medo
Quando está feliz
COMENTÁRIOS ANTIGOS
[Loba]
Vc sabe que este texto é a minha cara,né? rs… Não sei se porque gosto ou porque sou mesmo difusa! Mas, na verdade, o difuso é pura poesia e vc um poeta! Ainda que resista, desista,negue.. a poesia e a música estão intrinsecamente ligadas a vc! Não tem jeito, meu querido, deixa a preguiça de lado e vem colocar as palavras pra fora! rs… E agora, uma reclamação: tou com saudadezona de vc! Beijo grandão.
04/08/2004 17:08
[Poemias] [poemias@poemias.com] [www.poemias.com/forum]
Estamos te convidando para conhecer nosso forúm de discussão literaria, e fazer parte dele. http://www.poemias.com/forum Coordenação Poemias
04/08/2004 16:43
[vaumirtes Freire] [vaumirtes@uol.com.br] [vaumirtes.blog.uol.com.br]
Seguindo os passos da loba sai do meu sil6encio e vim de barco até aqui navegando em sonhos. Ouvi Osvaldo Montenegro e sai em silêncio, mas deixando-lhe um convite para visitar meu blog, pois lá irá conhecver um anjo especial que chamo de Déborah e que há mais de onze ano vive em silêncio como se lesse meus pensamentos.
03/08/2004 22:56
[A ilha]
” O poeta empresta-nos seus olhos para ver o mundo”… Oferece a palavra que me falta, que me salva… Lindo seu texto e que música!!!
03/08/2004 21:42
[Sabrina] [http://encantos.zip.net]
Parabéns pelo blog. A música é linda… as cores vivas! O difuso, o incerto… tem sempre um lado misterioso… Boa semana pra semana. Beijinhos.
03/08/2004 21:35
[Nina]
Oi, Barquinho… Que música linda e que texto primoroso! Beijinhos! Nina.
03/08/2004 21:02
[Ceiça Sousa] [ceicasousa@uol.com.br] [www.ceicasousa.blog.uol.com.br]
Parabéns pelo seu “cantinho”. Show.Beijinhos e visite-me A verdade “verdadeira” nunca é dita, mas sim sugerida…”
03/08/2004 17:10
[Loba]
Tou aqui… difusa, confusa, incoerente! rs… Ocomentário fica pra depois. Agora, só beijo
02/08/2004 22:14
Comentário by Um Barco — quinta-feira, 16 abril 2009 @ 11:29 am