As vezes, que queria muitas, Poucas foram e apenas ficaram, Como traços, na memória, Manchas de lembranças, Pouca coisa, coisa pouca. Às vezes, desejei muito, Me esquecendo, um pouco, Que, na vida, as poucas chances Representam o tudo possível, Quando muito se espera, mas em vão. Nas vezes em que tive um pouco, Era como se fosse bastante, Mais que suficiente, Menos, porém, que necessário. Foi o que me coube, o que eu pude ter. Das vezes, poucas, que me lembro, Em que tive o que desejava, Tudo me pareceu muito claro, Como se o claro fosse o sempre, E não o de vez em quando. Tantas vezes e tantas coisas, Quis, sem ter e sem me dar conta, Que o futuro é escravo do presente, Nem sempre mas, com freqüência, Contra nossa vontade. De vez em quando, me pergunto E me respondo, mas só às vezes, Já que nas vezes em que respondo, Lembro-me das vezes em que Não havia perguntas, só respostas.
Escrito por Um Barco às 10h54
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