O sorriso pairou num silêncio, Inconcluso, como um suspiro, Mas claro, como a ausência, Vazio, em meio ao vazio, Cristalizado e frio. Persistia nos olhos a imagem Irreal, como reflexo n'água, Tão irregular, quanto fugaz, Na retina, gravada na alma, Definitiva e calma. Sombra num jardim de pedras, Lago, rochas, regato, Ao fundo, um pequeno salgueiro Chorando em verde a tristeza, Imóvel e indefesa Como uma pedra, no lago, Entre carpas que nadavam, alheias, O vulto me olhava e eu, parado, Fazendo de meu olhar um escudo, Entristecido e mudo. E no cristal irregular das águas Do lago que abrigava as carpas, O lamento contínuo do regato Eu ouvia, murmurado em meu ouvido, Impotente e comovido. Um toque no rosto, uma carícia, Como o afago do vento no salgueiro, O balançar das mãos, a partida, O sorriso, agora claro no semblante Esperançoso e confiante.
Escrito por Um Barco às 18h32
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