Sezta, 05/01/2007

Jardim de Pedras

O sorriso pairou num silêncio,
Inconcluso, como um suspiro,
Mas claro, como a ausência,
Vazio, em meio ao vazio,
Cristalizado e frio.

Persistia nos olhos a imagem 
Irreal, como reflexo n'água,
Tão irregular, quanto fugaz,
Na retina, gravada na alma,
Definitiva e calma.

Sombra num jardim de pedras,
Lago, rochas, regato,
Ao fundo, um pequeno salgueiro
Chorando em verde a tristeza,
Imóvel e indefesa

Como uma pedra, no lago,
Entre carpas que nadavam, alheias,
O vulto me olhava e eu, parado,
Fazendo de meu olhar um escudo, 
Entristecido e mudo.

E no cristal irregular das águas
Do lago que abrigava as carpas,
O lamento contínuo do regato
Eu ouvia, murmurado em meu ouvido,
Impotente e comovido. 

Um toque no rosto, uma carícia,
Como o afago do vento no salgueiro,
O balançar das mãos, a partida,
O sorriso, agora claro no semblante 
Esperançoso e confiante.

Escrito por Um Barco às 18h32

[ Comentários  ]