Dia desses, quem sabe,
Eu viva só para esperar a noite
E pense somente no que sonharei
E nem sinta, apenas sonhe e anseie
Com o sonho que, sei, chegará
Ao término da tarde, ao fim desse dia.
Tarde dessas, quem sabe,
Eu veja no pôr do sol outra cor,
Que não o símbolo amarelo e vermelho
Da partida, da morte do dia
Já que me virá um sonho, apenas um, que seja
Quando chegar a noite, depois dessa tarde.
Noite dessas, quem sabe,
Eu consiga dormir só para sonhar
Um sonho sem roteiro algum
Sem conteúdo e sem coerência
Sem a lógica que, de dia, me sufoca
Na madrugada calma, filha dessa noite.
Madrugada dessas, quem sabe
Eu acorde, após um sonho único
E olhe em volta, percebendo o tudo
No cinza claro, arauto da manhã,
Lendo em mim uma breve esperança
Que, ao fim da madrugada, eu levante
E viva, quem sabe, um dia desses.
Escrito por Um Barco às 20h42
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